domingo, 12 de outubro de 2014

As folhas da cidade dourada (Crônicas de Unumlabium Livro 1) - F. Noronha


Na remota Terra de Unumlabium, um jovem príncipe precisa superar dilemas morais e obstáculos concretos na busca da cura para uma terrível peste que assola seu povo e coloca em risco a vida de seu pai.
Alguns trechos da obra:
“A bandeira rubro-verde hasteada a meio mastro em frente ao Palácio Real de Efraim anunciava a tragédia que já começara a se instalar naquele reino. O rei, acamado e de luto, abatido pela mesma doença que acometia um terço de seu povo, não tinha esperança de mais do que poucos dias de vida. A esperança do reino, o Príncipe Josias, no auge de seus quatorze anos, tornara-se prisioneiro dos gigantes anaquins, que se preparavam para lhe devorar a carne em um ritual festivo. A breve ruína de Efraim e de seus governantes parecia inevitável”.
“O homem encapuzado deslocou a posição da hasta e passou a apontá-la para Josias, que se deslocava lateralmente para sair da direção da ponta da arma. Por um momento, tinha esquecido que em uma luta, aquele que ocupa posição central leva vantagem. Josias estava encurralado entre o tecido da barraca e a lança do adversário. Enquanto contornava internamente a circunferência do aposento, o carrasco girava em torno de si mesmo, conservando a lança apontada para o príncipe”.
“- Certa noite, quando todos já estavam dormindo, recebi a visita de um estranho feiticeiro. Ele nunca tinha estado antes no oásis e também nunca mais foi visto depois. Naquela noite, fui o único que o vi. Ele entrou em minha barraca e disse que tinha o que eu tanto procurava: a fórmula da felicidade. O bruxo me entregou um frasco, dizendo que se eu o tomasse, teria felicidade abundante pelo resto da vida. Mas ele me enganou”
“Ao abrir os olhos, viu, sentada ao lado de seu leito, uma jovem mais ou menos da sua idade, branca, de cabelos negros, cujos olhos expressavam ternura e cujas marcas de acne na face direita não lhe reduziam uma beleza rara”
“Por um tempo, a fera não se moveu. Depois, bocejou e se agachou, deixando a barriga encostar-se ao chão de terra. Sua cabeça, contudo, continuou erguida com os olhos fitos em Josias, que também ficou parado sem lhe desviar o olhar”
“A cobra enrolava-lhe o corpo sem lhe dar oportunidade de escapar. Josias tentou escorregar seus braços, mas eles estavam comprimidos junto ao seu tronco e, por mais força que fizesse, não conseguia movê-los. Tentou girar-se para sair do ponto de maior compressão, mas não conseguiu. Sentiu que sua adversária o apertava cada vez com mais força. Se continuasse assim, logo lhe quebraria os ossos”.
“O príncipe desviou sua rota, de modo a sair do caminho do bando, mas logo percebeu a inutilidade da manobra: a corja também mudou o caminho e se movia rapidamente ao seu encontro”.


0 comentários:

Postar um comentário