quarta-feira, 14 de maio de 2014

AULA DE DIREITO ....


Uma manhã, quando nosso novo professor de “Introdução ao Direito” entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila: 
- Como te chamas? 
- Chamo-me Juan, senhor. 
- Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! - Gritou o desagradável professor. 
Juan estava desconcertado. 
Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala. 
Todos estávamos assustados e indignados, porém ninguém falou nada. 
- Agora sim! - E perguntou o professor - Para que servem as leis?... 
Seguíamos assustados, porém, pouco a pouco começamos a responder à sua pergunta: 
- Para que haja uma ordem em nossa sociedade. 
- Não! - Respondia o professor. 
- Para cumpri-las. 
- Não! 
- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos. 
- Não!! - Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?! 
- Para que haja justiça - falou timidamente uma garota. 
- Até que enfim! É isso... Para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça? 
Todos começávamos a ficar incomodados pela atitude tão grosseira. Porém, seguíamos respondendo: 
- Para salvaguardar os direitos humanos... 
- Bem, que mais? - Perguntava o professor. 
- Para diferençar o certo do errado... Para premiar a quem faz o bem... 
- Ok, não está mal, porém... Respondam a esta pergunta: Agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?... 
Todos ficamos calados, ninguém respondia. 
- Quero uma resposta decidida e unânime! 
- Não!! - Respondemos todos a uma só voz. 
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça? 
- Sim!!! 
- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! 
E olhou-me fixamente, e disse: 
- Vá buscar o Juan. 
  
Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito. 
Quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia. 

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