A cadelinha travessa da minha concentração pulou do colo e foi se enroscar nos calcanhares esguios da moça. Lindos, empinados num salto exato! Ela se pôs a brincar com a delicada tornozeleira de prata; danada… A saia do tailleur, na altura dos joelhos, insinuava pernas definidas e bronzeadas. A camisa, de tecido leve, entreabria um decote discreto como gentil entre a pintura dos seios firmes. Pelo olhar enfiado no meu, espantado mais que a recriminar o atrevimento, estimei que andava pelos vinte e poucos anos.
Senti um suave roçar de dedos nos meus; dedos de cetim, discretos como ágeis. Fração de momento. Voltei-me rápido e imaginei ver Isabela fazendo de propósito; ela sorria mirando um alvo que me atravessava, sem me encarar propriamente. Em transe, parecia. Talvez só procurasse sem atenção; quem sabe? Não sei; não atinei até hoje. Que banalidade! Isso sei, dou de barato. Mas mexeu. Mexeu. Adernei.
0 comentários:
Postar um comentário