Na última terça-feira, o caos na linha 3 Vermelha do Metrô, com paralisação de seis horas e passageiros desesperados caminhando pelos trilhos, mostrou que a linha já está saturada.
É a maior lotação de linhas de metrô do mundo. Os problemas operacionais são constantes e, mesmo reformados, os trens não apresentam total segurança, como mostrou uma série de reportagens especiais sobre a Frota K, na Rádio CBN.
Diferentemente da teoria da conspiração anunciada pelo secretário metropolitano dos transportes, Jurandir Fernandes, e pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o que existe na linha é uma saturação de muitos anos. Pode até haver ações de sabotagem, mas a verdade é que, se existirem, é porque as precárias condições crônicas da linha 3 dão margem para isso.
Como resolver o problema? Não dá para fazer outra linha, mas há alternativas.
O professor e consultor em engenharia de transportes, Horácio Augusto Figueira, em análise no jornal O Estado de São Paulo, diz que a transformação da faixa reversível, hoje para o transporte individual da Radial Leste em corredor de ônibus pode aliviar 25% da demanda do metrô. Além disso, a modernização da CPTM deve continuar:
“A Linha 3-Vermelha opera muito acima do limite do transporte humano sob o ponto de vista da dignidade. É uma linha muito eficiente, mas é a mais carregada do mundo e não há previsão de diminuição desta demanda. A solução não está dentro dos muros do metrô. Ela depende da melhoria da CPTM - o que já está em andamento -, da diminuição do intervalo entre os trens e do "acordo de cavalheiros" urgente entre o governador e o prefeito para oferecer mais uma alternativa eficiente de transporte coletivo público. Uma das opções já seria utilizar a faixa reversível da Radial Leste, que hoje atende ao transporte individual, para o trajeto de ônibus biarticulados expressos entre o centro e a zona leste. Se 150 veículos forem ofertados por hora por sentido nesse trajeto, com uma ocupação média de 150 pessoas em cada um, seriam transportados 22,5 mil passageiros por hora em um sentido - cerca de 25% da demanda do metrô. A sugestão é premente antes que alguma ocorrência mais grave ocorra.”
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN,especializado em transportes
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