Farinha de maracujá é rica na fibra pectina, que reduz a absorção de alguns nutrientes e traz saciedade
Na onda das farinhas funcionais, a feita com a casca de maracujá foi uma das pioneiras: existem estudos sobre ela desde 1998. Ela é feita a partir da parte branca da casca, que é a porção mais rica em nutrientes, como a fibra pectina, a vitamina B3 (niacina), ferro, cálcio e fósforo. Acredita-se que a maior parte desses nutrientes se preserve na preparação da farinha, o que dá a ela propriedades importantes para nossa saúde, como redução dos picos glicêmicos. E ainda por cima, ela naturalmente não contém glúten. Conheça seus principais benefícios e veja se vale a pena incluir esse alimento na dieta.
Principais nutrientes da farinha de maracujá
Nutrientes (100 g) | Suco de maracujá | Casca de Maracujá |
Proteínas | 1,26 g | 0,93 g |
Carboidratos | 8,8 g | 1,76 g |
Gorduras | 0,23 g | 0,23 g |
Fibras | 0,51 g | 5,2 g |
Vitamina C | 21 mg | 20 mg |
Carotenoides | 24,7 mg | 2,85 mg |
Potássio | 0,26 mg | 0,58 mg |
Fonte: Tabela do estudo "Valor Nutricional de Partes Convencionais e Não Convencionais de Frutas e Hortaliças" da UNESP
Uma das maiores características da casca de maracujá é a maior quantidade de fibras. Ela chega a ter 10 vezes mais esse nutriente do que o suco feito com a polpa. E a principal fibra é a pectina, que se transforma em um gel no estômago e traz diversos benefícios à saúde.
Ela ainda é rica em potássio, tendo duas vezes mais do que o suco. Também contém mais vitamina B3 (niacina), ferro, cálcio e fósforo, nutrientes que se preservam quando ela é transformada em farinha.
Não existe uma tabela nutricional oficial da farinha de maracujá, já que sua composição pode variar de acordo com o fabricante. Um estudo brasileiro, porém, mapeou a quantidade alguns nutrientes, que listamos na tabela abaixo:
Nutrientes (30 g) | Farinha de Maracujá |
Carboidratos | 6,33 g |
Proteínas | 1,8 g |
Gorduras | 0,63 g |
Fibras | 18,6 g |
Fonte: "Estudo da Secagem da casca do maracujá amarelo", Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.12, n.1, p.15-28, 2010 - Convertido para 30 gramas
A farinha não apresenta quantidades grandes dos principais macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras), porém é rica em fibras. A recomendação diária desse nutriente é de 25 gramas, e em 2 colheres de sopa do alimento (ou seja, 30 gramas, sua quantidade máxima indicada) encontramos 18,6 gramas de fibras, ou seja, 74% da quantidade diária recomendada. São elas que vão trazer a maior parte dos benefícios desse ingrediente. Veja qual porcentagem do Valor Diário* de alguns nutrientes que a farinha de maracujá oferta:
- 74% de fibras
- 3,5% de proteínas
- 2% de carboidratos
- 1% de gorduras.
* Valores Diários de referência para adultos com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
Benefícios da farinha de maracujá
Promove saciedade e emagrece Todas as fibras ajudam a promover a sensação de que se comeu o suficiente em uma refeição. Porém, as contidas na farinha de maracujá são especiais: é a pectina, uma fibra do tipo insolúvel. Na verdade sua maior função é absorver líquido e então se tornar um gel, capaz de reter por mais tempo o bolo alimentar no estômago e intestino, pois torna mais lenta a absorção dos nutrientes nele contidos. O resultado é a sensação de saciedade por mais tempo, evitando um maior consumo calórico.
Por ser feita com a parte branca da casca do fruto, a farinha de maracujá contém muito mais fibras do que o suco
Um dos nutrientes que tem sua absorção mais lenta graças às pectinas é a glicose, que é liberada em doses pequenas no sangue. O resultado disso é uma produção menor do hormônio insulina, responsável por colocar o açúcar do sangue para dentro das células. O problema é que ela ativa a deposição de células de gordura no tecido adiposo, aumentando esse tipo de massa no nosso corpo.
Um estudo feito na Universidade da Paraíba com 17 mulheres incluiu na alimentação delas a farinha de casca de maracujá por 70 dias. Nesse período elas apresentaram uma redução no peso de até oito quilos, mas inserindo o alimento em um cardápio balanceado e com atividades físicas regulares.
Previne o diabetes A redução dos picos glicêmicos e da produção de insulina é benéfica. Quando o hormônio é produzido e liberado no corpo em grandes quantidades, alguns tecidos e órgãos começam a reduzir sua resposta a ele, sendo preciso mais insulina para armazenar a mesma quantia de glicose. Esse processo é um quadro chamado de resistência a insulina, que se não for revertido, pode evoluir para diabetes do tipo 2.
No caso de quem já tem o quadro, quanto mais picos de glicose no sangue, pior seu estado fica. Portanto, o consumo dessa farinha ajuda a ter um equilíbrio de açúcar no sangue, estabilizando o problema. Um estudo foi publicado em 2008 na Revista Brasileira de Farmacognosia, feito com 60 pacientes que consumiam 30 gramas da farinha ao dia, sendo que 59 tomavam algum medicamento para o problema. Os estudiosos concluíram que uma das vantagens da farinha é que seu consumo já mostra mudanças na glicemia desde os primeiros meses de uso, portanto ele pode ser um bom aliado de tratamentos tradicionais para diabetes.
Melhora as taxas de colesterol e de triglicérides O mesmo estudo conduzido pela Universidade da Paraíba demonstrou que as 17 mulheres não só perderam peso, como obtiveram uma redução nessas duas taxas, que estavam inicialmente acima do normal. O efeito se deve também ao gel formado pela pectina, que não só reduz a absorção do colesterol como também se liga a essa gordura, fazendo com que ela também seja eliminada no fim da digestão.
Colabora com a digestão Todo alimento rico em fibras auxilia na digestão, por facilitar a passagem do bolo alimentar pelo intestino grosso, otimizando o trânsito intestinal. Além disso, elas são fermentadas nos intestinos, processo que estimula a microbiota (antes conhecida como flora intestinal), bactérias do bem que ajudam na nossa digestão. Por fim, a presença de vitamina B3 nesse alimento ajuda a proteger as paredes do estômago, ajudando também nesse processo.
Quantidade recomendada de farinha de maracujá
O recomendado é consumir entre 1 e 2 colheres de sopa dessa farinha nas principais refeições, como almoço e jantar.
Como consumir a farinha de maracujá
A farinha de maracujá pode ser usada em receitas e consumida com frutas e outros alimentos
Ela pode ser consumida cerca de 30 minutos antes das refeições, para trazer saciedade e evitar o exagero ao comer. Mas também pode ser consumida nas preparações, polvilhada em frutas, dissolvida em sucos, batidas de frutas, iogurtes, sobre os alimentos, entre outros. Só não é indicado levá-la ao fogo, pois ainda não há estudos que garantam que essa exposição extra ao calor não altere suas propriedades e a textura dos alimentos.
Contraindicações
Não existem contraindicações ao consumo desse alimento, apenas indicasse seguir uma dieta equilibrada para ter melhores efeitos. Em uma das pesquisas já realizadas com a farinha da casca de maracujá, voluntários receberam a farinha a fim de testar sua toxicologia clínica e não demonstraram sinais de toxicidade.
Risco do consumo excessivo
Quando consumida em excesso, a quantidade de fibras pode acabar causando diarreia, distensão abdominal e vômitos. O consumo feito por crianças, gestantes e lactantes deve ser realizado sob supervisão médica.
Onde encontrar
A farinha de maracujá pode ser encontrada em alguns supermercados e em lojas de produtos naturais. É possível também comprá-la pela internet, mas cuidado para escolher lojas e marcas confiáveis.
Como fazer a farinha de maracujá
Coloque seis maracujá de molho por 15 minutos em um litro de água com 1 colher (sopa) de água sanitária. Depois, lave-as em água corrente e retire as polpas. Corte as cascas em tiras e leve ao forno médio por meia hora. Após esfriar, bata no liquidificador até virar farinha. Peneire e guarde em um recipiente com tampa e consuma em até três meses. Aproveite e guarde a polpa para fazer um suco natural!
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