terça-feira, 2 de julho de 2013

A Bíblia Segundo Beliel – Flávio Aguiar‏


Um anjo desgarrado decide reunir narrativas bíblicas perdidas. Mas os narradores são, na maioria, como ele: desgarrados. São os coadjuvantes da história, como a pomba que Noé soltou da arca para ver se as águas do dilúvio tinham baixado; ou o demônio Misgodeu, que trabalha como porteiro do Inferno, um faz-tudo que toca os mecanismos daquele fim de mundo, sem o qual nada funciona no reino de Lúcifer; ou ainda o escravo de Jó, que assiste completamente surpreso, à desgraça e às tentações de seu amo. Lemos também sobre a luxúria e a hecatombe de Sodoma e Gomorra contada por um dos anjos enviados para averiguar o que por lá se passava (e como se passavam coisas!). Assim como fala do passado, a narrativa de Beliel, ele mesmo um faz-tudo nos céus, se dirige ao futuro, nos levando a uma versão absolutamente fantástica do fim dos tempos e do destino da Criação. Em tom de paródia, mas solidamente ancorada nas tradições bíblicas – que Flávio Aguiar, pesquisador e professor de literatura da USP, conhece como poucos -, a Bíblia Segundo Beliel combina a leveza da chanchada com reflexões profundas e ousadas sobre temas como a religião, o fanatismo, a crença e a descrença, a opressão e a liberdade, a desigualdade e a justiça e, last but not least, o amor, como objetivo e possibilidade de redenção da humanidade.


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