Fritjof Capra relaciona as descobertas recentes da física teórica à antiga sabedoria oriental. Em “O Ponto de Mutação”, ele discorre sobre o novo paradigma que surge na ciência, e seus desdobramentos no restante da sociedade. Agora, em “Pertencendo ao Universo”, o físico, ecologista e ensaísta tentará encaixar todas essas suas idéias no arcabouço espinhoso da doutrina católica. Para ajudá-lo nesta árdua empreitada, alistou os serviços de dois monges beneditinos: o psicólogo David Steindl-Rast e seu colega Thomas Matus. O livro é a transcrição de longas horas de diálogo entre os três, discutindo analogias e as mais diversas questões metafísicas e teológicas: seria o Homem o rei da Criação? De onde vem o sentimento religioso? A Ciência pode encontrar Deus?Como quase todo diálogo espontâneo sobre coisas complexas, a conversa de Capra e os dois teólogos sofre às vezes de divagação e incoerência, afastando-se sempre do ponto principal: a aplicação no cristianismo do “novo paradigma” proposto por Capra. Esse conceito engloba muitas idéias abstratas. Por exemplo: se antigamente se procurava explicar o todo pelas partes, no novo paradigma as partes são compreendidas a partir do todo. A transposição desta e outras idéias para a teologia cristã parece mera brincadeira retórica. Mais interessantes são as grandes mudanças progressistas na interpretação cristã que os autores anunciam, como a defesa da ecologia e da justiça social.
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