quarta-feira, 29 de abril de 2015

Colares de Xangô e sapatos bicolores - William Kennedy


Vários matizes estão presentes na trama de “Colares de Xangô e sapatos bicolores”: o amor, a revolução, a luta da população negra pelos seus direitos civis, a memória, o heroísmo e a literatura. Dividido em três épocas, o romance é repleto de referências ao jazz, mas a música não é mero pano de fundo para a trama, ela se incorpora aos personagens e suas histórias.”Colares de Xangô e sapatos bicolores” é o mais novo livro de Willian Kennedy e o primeiro título do autor publicado pela Biblioteca Azul. O escritor recebeu o prêmio Pulitzer em 1984, foi convidado da Festa Literária internacional de Paraty em 2010, e é considerado um dos principais nomes da literatura americana do século XX.Como outros títulos da obra de Kennedy, o romance se passa em Albany, Nova York. A primeira parte, que serve como um prólogo para o livro, apresenta o menino Dany Quinn, que desperta ao som de “Shine”, música que ecoa por sua casa e vai ressoar por grande parte da sua vida. O leitor reencontrará o personagem crescido na segunda parte do livro, na conturbada Havana de 1957, cenário habitado por figuras históricas como Fidel Castro e Ernest Hemingway. Daniel Quinn tornou-se um jornalista que deseja ser escritor, e se vê em meio à revolução cubana.A terceira parte leva o leitor de volta a Albany. O ano é 1968 e a cidade está povoada por uma improvável galeria de personagens um alcoólatra sem-teto, um padre, um pai senil e uma lenda do jazz todos às voltas com os distúrbios causados pela luta por direitos civis da cidade.Nada é gratuito na escrita de Kennedy. As questões políticas abordadas no romance vão além da atmosfera e fazem parte da construção dos personagens, que agem ora heroicamente, ora por interesse, movidos por conflitos ou em busca de redenção.Sem uma estrutura esquemática e sem formulas prontas, Kennedy demonstra uma profunda compreensão das características humanas e dos pequenos acontecimentos que compõem a história. O escritor demonstra sua maturidade na construção das cenas e diálogos. “Colares de Xangô e sapatos bicolores” está entre os melhores e mais potentes romances de um mestre do gênero.


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